sábado, 3 de maio de 2014

Miguel Nicolelis faz últimos testes com exoesqueleto para Copa do Mundo


Faltam poucos dias para um acontecimento que pode ser um grande marco da ciência, especialmente da ciência do Brasil.
Se tudo der certo, um jovem com paralisia nas pernas vai ficar em pé, andar e chutar uma bola, na abertura da Copa do Mundo! À frente desse projeto internacional, um brasileiro: o neurocientista Miguel Nicolelis.

As salas onde se faz ciência de ponta ficam na capital paulista, mas o ambiente é internacional. Um chute dado por uma pessoa com paralisia, visto pelo mundo todo. Será a realização de um sonho de um homem: o neurocientista brasileiro, e palmeirense fanático, Miguel Nicolelis. Há dois anos, o Fantástico acompanha, de muito perto, esse trabalho. Em 2012, mostramos o pontapé inicial desse projeto ambicioso, no laboratório de Nicolelis, na universidade Duke, nos Estados Unidos.

O primeiro modelo de uma perna robótica. “Aqui em cima seria a articulação de um fêmur na bacia e aqui seria um joelho”, explicou Nicolelis, na época. No ano passado, também em Duke, acompanhamos o avanço das pesquisas. Um protótipo com duas pernas e pés já sendo usado por um macaco. “Que está aprendendo a vestir o exoesqueleto”, disse o neurocientista.
Agora, no Brasil, em colaboração com a Associação de Assistência à Criança Deficiente, é a reta final. “A gente fala em horas, minutos e segundos. Todo mundo está aqui vivendo essa expectativa”, declara Nicolelis.

Para entender a pesquisa do professor Nicolelis, precisamos antes aprender duas novas expressões. A primeira é 'exoesqueleto'. Ou seja, um esqueleto que fica por fora do corpo. Ele também é chamado, simplesmente, de robô. A outra expressão é: 'interface cérebro-máquina', quer dizer uma máquina que é comandada pelo cérebro de uma pessoa.
Funciona assim: com seus pensamentos, o paciente controla quando o robô deve começar a andar. O robô dá os passos. O paciente decide quando chutar, e a máquina chuta. E a pessoa, que com os pensamentos, manda parar o movimento.

Oito jovens adultos brasileiros, que perderam os movimentos e a sensibilidade nas pernas, foram selecionados para a fase final da pesquisa. Mas só um deles vai dar o tão esperado chute, na abertura da Copa, dia 12 de junho. “A pessoa tem também que querer, estar à vontade, se sentir bem, ter prazer, estar feliz em fazer isso. Todos estão preparados”, afirma Nicolelis.
Para ser o escolhido, é preciso treinar. E muito. “Essa é uma máquina suíça de reabilitação, que nós trouxemos para o Brasil. Os nossos pesquisadores adaptaram essa máquina para poder ser um simulador do que o exoesqueleto é capaz de fazer”, explica o professor.

Para os pacientes, só entrar na máquina já foi uma emoção imensa. “Teve um paciente que falou para mim que fazia anos que ele não tinha a sensação de ficar na vertical. O que é uma coisa para nós, que a gente assume, que é trivial, né? Mas para pacientes com lesão completa da medula espinhal é uma grande conquista, né”, conta.

Fonte: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/04/miguel-nicolelis-faz-ultimos-testes-com-exoesqueleto-para-copa-do-mundo.html